Impacto da Migração na Saúde Mental: A Urgência de Políticas Inclusivas e Intervenções Culturais Sensíveis
A migração, um fenômeno global em constante ascensão, traz consigo uma gama de desafios significativos que podem afetar de maneira profunda a saúde mental dos migrantes.
Psicóloga Natália Reis
10/17/20242 min read
A migração, um fenômeno global em constante ascensão, traz consigo uma gama de desafios significativos que podem afetar de maneira profunda a saúde mental dos migrantes. Diversos estudos acadêmicos demonstram que esses indivíduos apresentam uma suscetibilidade acentuada ao desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, quando comparados à população nativa. Essa vulnerabilidade psicológica é frequentemente atribuída a uma confluência de fatores adversos, incluindo o estresse adaptativo decorrente da necessidade de se ajustar a um novo contexto sociocultural, a perda de redes de apoio social que anteriormente ofereciam segurança emocional e suporte prático, bem como experiências de discriminação e marginalização que podem intensificar sentimentos de exclusão e solidão.
Pesquisas substanciais, indicam uma maior vulnerabilidade dos imigrantes face às problemáticas da saúde em geral e dos problemas mentais em particular, o que não apenas destaca a gravidade da situação, mas também ressalta a necessidade urgente de implementação de políticas de saúde mental que levem em consideração as especificidades e complexidades dessa população. A ausência de acesso a serviços adequados de saúde mental, aliada a barreiras linguísticas e culturais, agrava ainda mais essa problemática, criando um cenário em que muitos migrantes se sentem desamparados e sem os recursos necessários para lidar com suas dificuldades emocionais.
A compreensão da interseção entre migração e saúde mental é, portanto, crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes e sensíveis às necessidades dessa população. Profissionais de saúde mental precisam estar adequadamente preparados para reconhecer e abordar as experiências únicas que os migrantes enfrentam, indo além da mera aplicação de protocolos padrão. É imperativo que sejam criados ambientes acolhedores e seguros, que promovam não apenas a resiliência, mas também um senso de pertencimento e bem-estar integral. Isso envolve a capacitação de profissionais para que sejam culturalmente competentes, capazes de comunicar-se efetivamente e de compreender as nuances culturais que podem impactar a experiência de tratamento.
Além disso, a colaboração entre diferentes setores, incluindo educação, saúde e serviços sociais, é fundamental para construir uma rede de suporte abrangente que possa atender às diversas necessidades dos migrantes. Intervenções que integrem estratégias de promoção da saúde mental, educação sobre direitos e acesso a serviços sociais são essenciais para mitigar os efeitos adversos da migração sobre a saúde mental. Somente por meio de uma abordagem holística e inclusiva será possível criar condições favoráveis que permitam aos migrantes não apenas enfrentar os desafios que surgem com a mudança, mas também prosperar e contribuir positivamente para a sociedade que agora os acolhe.
Referências:
PUSSETTI, Chiara. Identidades em crise: imigrantes, emoções e saúde mental em Portugal. Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Lisboa, Portugal, 25 mar. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/vmZZBr6ZLrhQfsmfQ4kkn9t/?lang=pt. Acesso em: 25/09/2024.
Relatório da OMS sobre a saúde mental em populações migrantes.
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